quarta-feira, 5 de maio de 2010

Carta a um anjo laranja

Olá meu Rei, Escrevo-te daqui, deste plano inferior àquele onde tu estás,
Escrevo-te para arrancar de mim a dor que sinto com a tua partida prematura e para tentar serenar este sentimento de revolta e de angústia que não consigo soltar.
Estou zangada! Muito zangada. Mas não contigo, meu anjo. Tu sabes. Eu falei-te nisto antes de tu partires.
Deste-me tempo para eu me “despedir” de ti, antes de adormeceres em paz, na tranquilidade, com os cheiros e com os sons da tua casa. Junto de mim.
Sabes, tu pertences àquele grupo de seres especiais,
E eu tive a bênção de ter uma relação contigo tão bonita e especial, que sei, não a vou encontrar, nem repetir, com mais nenhum outro ser.
Continuas junto de mim e em mim. Para sempre.
Porque TU ensinaste-me a amar, a respeitar, a compreender os gatinhos,
TU, fizeste-me sorrir com os teus olhos doces, com os teus mimos, com os teus schlaaacs e os teus crê crê crês …
Tu foste verdadeiramente especial.
Se eu pudesse … se eu pudesse esticar as mãos e agarrar uma estrela por todas as vezes que me fizeste sorrir, o Céu inteiro estaria agora na palma da minha mão.
Agora não estás aqui fisicamente e o silêncio da tua ausência ainda é muito doloroso.
Mas estás “ vivo” porque eu escolhi as lágrimas … choro porque te adoro. Porque foste, és e serás sempre muito amado. Nunca esquecido.
As mesmas lágrimas que agora deixo rolarem, por ti e a pensar em ti.
Sinto o teu corpinho moldado no meu … onde te aninhavas para me mimar e dormires.
Sinto o teu cheiro perfumado e as tuas patinhas a andar pela casa. Sinto-te em todo o lado. Vejo-te em todos os lugares.
Por isso, não fiques triste, meu anjo. Não, por me veres chorar.
Deixa a mãe chorar, meu Imperador e não te assustes quando me ouvires gritar, espernear e partir o que me apetecer.
A mãe faz isto porque sente, tanto, mas tanto, a tua ausência. Porque tenho muitas saudades tuas, dos nossos momentos especiais que foram tantos.
Mas, olha, meu Príncipe adorado, a mãe vai ficar bem. Prometo-te. Tal como te prometi que não te voltaria a internar e não te deixaria sofrer. Lembras-te? Eu sei que sim.
Vais ver. Vais ver a mãe sorrir sempre que me lembrar de ti, das nossas brincadeiras, das nossas correrias pela casa, das nossas conversas, dos muitos mimos que trocámos.
Obrigada, Nero, por teres nascido.
Obrigada por me teres deixado viver com um ser tão especial como tu.
Obrigada por teres colorido a minha vida de laranja, amarelo e verde.
Esse verde água dos teus olhos, desse olhar ternurento que jamais sairá das minhas memórias. Do meu coração.
Obrigada pela coragem e pela força que me deste.
Obrigada por me teres ajudado a compreender, a ser paciente e por todas as pessoas e animais fantásticos que conheci, através de ti e por ti. Porque tu existes.
Por ti, meu anjo, porque tu existirás sempre no meu coração, e através de ti, vamos continuar a missão que tu começaste.
Vamos continuar a ajudar os teus amiguinhos que vivem neste plano. Aqueles abandonados, sem lar e mal tratados por pessoas cruéis.
O Nero Sos vai continuar a missão que tu iniciaste. Vais ser perpetuado e nunca esquecido.
Nero Pablo Cesário és e serás eternamente recordado e amado porque vives nos nossos corações. Nos corações e na memória de quem te amou e te ama.
Agora quero que descanses, meu anjo laranja. Um dia estarei aí contigo. Ao teu lado.
Até breve
“Mãe”
( 07/12/2007 – 02/05/2010)